Neoway faz auditoria interna e fundador deixa a companhia

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Neoway faz auditoria interna e fundador deixa a companhia

  O empresário Jaime de Paula deixou o comando e o conselho da Neoway, empresa criada por ele em 2002 e quer atua no setor de análise de dados. Sua saída, que ocorreu no começo de agosto e comunicada aos funcionários na semana passada, veio acompanhada de uma auditoria interna, que está sendo feita pelo escritório de advocacia Koury Lopes associados (KIA), e da nomeação de Carlos Eduardo José Monguihott como presidente interno.

 

  As mudanças ocorreram depois da publicação pela “Folha de S.Paulo”, em parceria com o site “The Intecept”, em 26 de julho, de conversas do procurador da República Delran Dallagnol que apontava que o lobista Jorge luz havia dito, em delação premiada assinada em 2016, que a Neoway usou seus serviços para conseguir contrato na BR Distribuidora. Em 2018, segundo a reportagem, Dallagnol fez uma palestra remunerada para a empresa e também apresentou representantes da Neoway a membros da procuradoria, para viabilizar o uso de sistema dela em um trabalho de força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

  A Neoway nega ter contratado Jorge Luz e diz não ter fornecido nada à Lava-Jato Dallagnol afirmou à Folha que não reconhece a alternidade e a integridade das mensagens divulgadas.

  Em entrevista ao Valor, Monguihott disse que as informações pegaram a companhia de surpresa. O conselho de administração decidiu, então, agir para evitar que as operações fossem afetadas “Recebemos questionamentos de clientes sobre o teor da reportagem de forma transparente. Não houve nenhum mal-estar”

 Procurado pelo valor, Jaime disse que já tinha plano de deixar a presidência de companhia no fim do ano. “Eu tenho quase 60[anos] e a nossa turma com 23[anos] Vão dar um show”, disse empresário, em mensagem escrita, referindo-se à média de idade dos profissionais da empresa.

  Jaime contou que no momento “está fazendo uns meses sabático”, com cursos de inteligência artificial no Vale de Silício (EUA), e disse que se mantém como acionista minoritário da Neoway, “minhas ações estão na empresa e acredito que devem ser vendidas quando o grupo achar melhor”, afirmou.

 Desde sua fundação a Neoway captou U$$ 105 milhões dos fundos americanos Accel Partners, Endevor Catalyst e Pointbreak; dos brasileiros Monashees, Polux Capital e QMS Capital e do Temasek, do governo de Cingapura.

  Monguihott entrou na Neoway em 2013 e desde 2017 ocupa o cargo de diretor de operações. Como presidente interno, ele vai responder a Andrew Prozes ex-presidente da LexisNexis, de serviços de informação jurídica e gestão de risco, que foi nomeado presidente do conselho. O executivo de 72 anos vai passar uma semana por mês no Brasil monguihott disse que não há prazo para a nomeação de presidente em caráter definitivo e que a auditoria de KIA deve terminar no fim de setembro. A companhia também está em busca de um executivo para cuidar de compliance.

  Segundo Monguihott, a migração no comando vinha sendo trabalhada há pelo menos dois anos e Jaime de Paula já tinha um papel mais institucional e menos ligado ao dia a dia da operação. Assim as movimentações não mudam o plano de manter um ritmo de crescimento de 50% a 75% ao ano pelos próximos cinco anos. A Neoway não informa sua receita, mas a estimativa do mercado é que esteja na faixa de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões. Um decimo desse total vem dos Estados Unidos e o restante do Brasil. O setor provado responde por 95% das vendas e o governo; 5% A companhia tem cerca de 700 clientes e 450 funcionários.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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