Coca-Cola e Dolly discutem na Câmara

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Coca-Cola e Dolly discutem na Câmara

  A Câmara dos Deputados viveu, ontem, um dia de bate-boca em torno de denúncias trocadas entre a Dolly e a Coca-Cola. Os parlamentares dividiram-se entre os que atacavam uma ou outra empresa. Houve ainda uma terceira via composta por deputados que criticaram o sentido de uma audiência pública, organizada no Congresso, para debater disputas privadas entre as empresas. No meio do tiroteio, representantes da Coca-Cola e da Dolly procuraram se defender e aproveitaram para desferir ataques mútuos. O presidente da Coca-Cola no Brasil, Brian Smith, afirmou que a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça arquivou três denúncias contra a empresa. São acusações de prática de preços predatórios, de divulgação de um e-mail com informações contrárias ao consumo do guaraná Dolly e de patrocinar fiscalizações de órgãos públicos nas instalações dessa empresa. O presidente da Dolly, Laerte Codonho, disse que acionará a Coca-Cola na Justiça para comprovar essas práticas e lembrou que a SDE abriu processo contra a multinacional e a sua maior engarrafadora no Brasil, a Spal, para investigar se ambas tentaram fechar o mercado através de cláusulas de exclusividade no fornecimento de matérias-primas para a fabricação de refrigerantes. Os deputados Celso Russomanno (PP-SP) e Renato Cozzolino (PSC-RJ) foram os mais críticos à Coca-Cola. Eles perguntaram reiteradas vezes se o extrato vegetal do refrigerante tinha componentes de folha de cocaína. O diretor de meio-ambiente e assuntos científicos da Coca Cola no Brasil, José Mauro de Moraes, negou o uso de qualquer substância entorpecente no produto: “Nós não temos qualquer tipo de ingrediente, inclusive folha de coca e seus derivados, que seja substância ilícita”. Ele explicou que a Coca-Cola patrocina as Olimpíadas e que qualquer substância ilícita seria facilmente reconhecida no exame antidoping dos atletas. “Eu tenho filhos e eles consomem Coca Cola na minha casa e posso garantir aos senhores que o produto é lícito.” Mas a explicação não foi suficiente. “O senhor não respondeu”, rebateu Cozzolino. “É folha de que? Qual a origem do extrato vegetal? Na minha casa não entra Coca-Cola, enquanto não tiver o exame do extrato vegetal”, insistiu. Já o deputado José Carlos Araújo (PFL-BA) concentrou as críticas na Dolly. “Quero saber se o faturamento da Dolly cresceu com essa briga que ele (Laerte Codonho) montou”, atacou Araújo. “Ele está se beneficiando dessa Casa. E nós estamos fazendo o jogo do senhor Laerte Codonho. Ele tem interesse em que essa briga continue.” Outros parlamentares criticaram o sentido da sessão. “O parlamento brasileiro tem sido usado para fins comerciais”, afirmou o deputado Osmânio Pereira (PTB-MG). “Eu poderia perguntar se alguém está ganhando nas costas do Congresso Nacional, se a Dolly ou a coca-Cola venderam mais ou menos com estes debates”, disse.

 

 

Fonte: Valor Econômico 

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