Não se trata de uma
revelação que pode mexer com os meios científicos internacionais; apenas mente,
uma constatação que mexeu com os interesses ($) internacionais. Muito antes de
dar o nome a uma ovelha. Dolly era uma cachorrinha de estimação da família Guaraná.
Desde 1987. Guaraná? Não! Na verdade, a família de tradição italiana proprietária
do totó tinha como seu dono um jovem que, como todo cara de família de classe
média paulista, foi para o mercado de capitais, depois de passar pela música,
como o pai e irmãos, formou-se em economia, deixando a sua Dolly sempre em casa,
na espera ansiosa do regresso do seu dono e, quem sabe de novos passeios.
Na semana passada
rolava o Fashion Rio cheio de belas manequins e de grifes famosas. As grifes
brilhavam na passarela desfilando seus novos modelos para a próxima estação.
Enfim o Rio de Janeiro transformara-se, na quela semana cheia de sol, no olhar
nacional do bom gosto. Na redação d´OPasquim21, convocados por Zezé Sack, mais
uma pessoa para o entrevístão naquela hora relaxada, às seis da tarde do horário
de verão. Adentra um personagem elegantíssimo, como um metro e noventa de
altura. Certamente um ex-modelo que virou proprietário de uma grife famosa e
que veio cumprimentar o Ziraldo, já que estava aqui na nossa São Sebastião e
aparentava ter uns 40 e poucos anos. Alinhado, simpático e falante, terno de
cor grafite sob medida e com corte de extremo bom gosto, gravata acompanhando o
preto dos sapatos, camisa branca com colarinho redondo e um tremendo suspensório,
negro também, de fazer o Zélio ficar cheio de ciúmes e inveja…
Quem gavia apostado
que era dono de uma grife participante do Fashion Rio, errou. No entanto, quem
desconfiava que era o proprietário de uma grife que aos poucos vai se tornando
modo e famoso no Brasil, tinha acertado, Laerte Codonho é o feliz proprietário da
Dolly, a cachorrinha e também de uma indústria nacional de refrigerantes que ‘peita’
a Coca-Cola e que foi o primeiro a produzir, depois de uma luta Kafkiana, o
primeiro refrigerante dietético do Brasil, o Guaraná Diet Dolly.
O escriba aqui é um velho diabético que pode
atestar sem ter recebido nenhum cachê – que se trata do melhor guaraná
dietético do mundo, podem acreditar. Tem sabor de guaraná e é doce como açúcar
que a gente não pode consumir. Convido, portanto, os leitores a penetrar fundo
nos sabores refrescantes de laranja, cola, uva e limão no entrevistão que foi
amargo como um bom chimarrão e dieteticamente revelador com a descoberta de que
existem brasileiros, que teimam em defender e amar o Brasil como gosto de
guaraná diet.
Laerte Codonho é um
belo exemplo disso e, na realidade, só tem uma reivindicação: que o presidente Lula
o receba para que possa saborear o seu guaraná, acalmando-se com aquele paladar
maravilhoso, depois de tomar conhecimento dos documentos secretos que ele e a Dolly
tem sobre a Coca-Cola. Afinal, quem tem medo de Virginía… Ou melhor da
Coca-Cola?
Entrevistadores: Arthur Poerner, Claudia Furiati, Claudio Iusi, Marli Goncalves, Nei Sroulevich, Ricky Goodwin, Vinicius Rocha, Wagner Martins, Zélio, Zezé Sack e Zirald.
Ziraldo – Codonho vem de Portugal?
Laerte Codonho – Da Itália. Meus quatro avós são italianos.
Ziraldo – Seu pai é o Idécio Codonho compositor de jingles, né?
Laerte – Isso, do Trio Tamba – Tajá. Ele fez vários jungles, lembram daquela da patibon?
Ziraldo – Ele faz os jingles da Dolly também?
Laerte – Não, são da minha irmã. Tenho duas irmãs que largaram tudo e viraram cantoras. Uma era jornalista e a outra advogada. Eu fiz o contrário: larguei a música e virei empresário. Quando a família se reúne é só cantoria. Meu pai fala (com sotaque italiano): “Òrra, todo mundo que é empresário tem um filho músico. Eu sou um músico que tem um filho que é empresário”.
Claudia Furiati – Por que o nome Dolly?
Laerte – Minha cachorra.
Claudia – Não tem nada a ver com a ovelha?
Laerte – Não, a nossa é anterior, é de 87. Até nisso os caras copiam a gente.
Nel Sroulevich – É que essa Dolly clonada é da Coca-Cola.
Laerte – Daí a propaganda: “Ovelha por ovelha, fique com a original”.
Ziraldo – Você Lançou a Dolly em 87?
Laerte – Foi o primeiro diet do Brasil.
Ziraldo – Mas por que você entrou nessa se trabalhava no mercado de capitais?
Claudio – Mas por que você é, Ziraldo, o sujeito fica rico, não sabe oque fazer com o dinheiro…
Laerte – É, eu queria me distrair, sempre, gostei de inventar coisas, então foi uma brincadeira.
Ziraldo – Peraí, gente, vamos fala sério!
Laerte – Sou técnico agrícola e economista. Trabalhava na bolsa de futuros, na parte de commoditles. Minha família é italiana, tudo gordinho, adora comer, ficam todos diabéticos, então quando fui aos EUA e conheci o refrigerante diet achei uma beleza. No Brasil não tinha, havia um decreto – lei proibindo o suo de edulcorantes em bebidas. No cafezinho você podia pôr. Em chás, gelatinas, pudins tudo bem. Por que isso? Por que o grande consumo de açúcar no Brasil é nos refrigerantes.
Ricky Goodwin – Era o lobby dos usineiros?
Laerte – É dos grandes fabricantes de açúcar. Conseguiram aprovar uma lei em 82 dizendo que edulcorantes só davam câncer em refrigerantes.
Nei – E só ratos gays.
Laerte – Não, segundo as pesquisas deles dava câncer em ratos do sexo masculino.
QUANDO O CONSUMO DE DIET COMEÇOU A SUBIR NO MINDO A INDUSTRIA DE AÇUCAR ENTROU COM UM ESTUDO PESADO MOSTRANDO QUE CICLAMATO PROVOCOU CÂNCER EM RATOS DO SEXO MASCULINO APÓS O CONSUMO DE 44 MIL LITROS DE REFRIGERANTES!
Ziraldo – Hoje o ciclamato está liberado no mundo inteiro.
Laerte – inclusive pelo FDA americano. É o mais seguro.
Ziraldo – Me lembro que ciclamato chegou a ser sinônimo de veneno. Falavam que o sujeito ficava broxa.
Ricky – O pasquim publicou um anúncio famoso do Hermann Kahn – um americano que vivia dando palpite sobre a economia brasileira – que era ele, muito gordo, e o slogan “Ciclamatos do câncer”.
Ziraldo – Aspartame não faz nenhuma.
Laerte – Não sei, viu… De quem é o aspartame? Da Nutrasweet. Que é da Monsanto. Aí eu já… pode ser preconceito da minha parte, mas é que já estou tão acostumado com o jogo desses caras…
Ricky – Mas como você consegue lançar o diet se estava proíbido?