Uma nova decisão judicial muda os rumos da luta que o fundador Laerte Codonho trava com a empresa Neoway e com a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo.
Repleta de reviravoltas, a longa batalha sustentada pelo dono dos refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, para provar sua inocência nos processos dos quais foi acusado (e que resultaram, entre outros danos irreparáveis, em um período de oito dias de reclusão há três anos), acaba de ganhar mais um lance surpreendente.
Como parte da Operação Hemorragia, que investiga fraudes em contratos de prestação de serviços para o governo catarinense, a Polícia Federal requereu à Justiça de Florianópolis, em janeiro desde ano, a prisão de dez suspeitos, entre eles Jaime Leonel de Paula Junior. Segundo as investigações, ele é acusado de efetuar contratos fictícios para repasses de recursos a servidores públicos e políticos por meio das empresas E-Biz Solutions, Ecco Energy e principalmente da Neoway Tecnologia, empresa que Paula Junior presidiu até 2019. “Ele foi preso por ter praticado em Santa Catarina os mesmos golpes que permitiram que eu fosse lesado”, afirmou Codonho à DINHEIRO. Criada em 2002, a Neoway cresceu rapidamente até se tornar líder no mercado brasileiro em Big Data Analytics.
Um de seus garotos-propaganda foi ninguém menos que Deltan Dallagnol, o procurador que coordenou a Lava Jato com o então juiz Sergio Moro. Em agosto de 2019, Paula Junior foi afastado da presidência e do conselho de administração da Neoway depois que uma auditoria interna revelou práticas ilícitas em contratos com outras companhias e órgãos públicos. Entre os contratos da Neoway está o da Procuradoria-Geraldo Estado de São Paulo (PGE-SP), para fornecimento de um software de análise de dados de devedores. E é aí que a trajetória da empresa cruza com a da Dolly.
ACESSO AOS AUTOS
Segundo Laerte Codonho, a Neoway foi autora dos relatórios usados pela Procuradoria contra sua empresa e que atribuíam erroneamente a ele a posse de uma offshore. O Ministério Público Federal admitiu à Justiça que os dados do relatório estavam errados. Mas isso não é tudo. Para Codonho, a Neoway e a PGE-SP conseguiram,juntas, trancar a investigação que vinha sendo conduzida pelo procurador José Carlos Blat para apurar uma possível improbidade administrativa por parte da Procuradoria. Autor da ação, Codonho ficou sem acesso aos autos. Agora, um ofício da Conselheira Nacional do Ministério Público Sandra Krieger Gonçalves solicita que Codonho e seus advogados tenham acesso ao teor do processo que investiga o que ele afirma serem “absurdos da PGE”. Em 2019, a Justiça Federal anulou uma dívida de R$ 1,7 bilhão da Dolly, convertendo-a em créditos de pelo menos R$ 200 milhões.
EM LADOS OPOSTOS
Laerte Codonho(no alto), que chegou a ser preso em 2018 devido a uma investigação que se comprovou equivocada e que teve a participação da Neoway,fundada por Jaime de Paula Junior(acima), preso por fraudes por determinação da Justiça catarinense.
Fonte: ISTOÉ